Ou seja, a ser feliz, aprende-se...
A felicidade existe, é observável no ser humano e é para ela que todos tendemos. É a primeira inclinação primária do homem e para a qual se dirigem todos os seus esforços, mesmo nas situações mais difíceis e complexas em que se possa encontrar o ser humano. Trata-se de alguma coisa que temos de ensinar aos nossos filhos, ao mesmo tempo que o vamos aprendendo nós.
O seu objectivo é a plena realização pessoal que se concretiza em dois segmentos chave: ter-se encontrado a si próprio; quer dizer, ter uma personalidade sólida, com que uma pessoa se dê bem e ter um projecto de vida que não é outra coisa senão ir “conseguindo” essa personalidade.
A felicidade aprende-se e ensina-se e também o “infeliz” se faz.
É um facto inegável que existem pessoas felizes que encontramos ao longo da vida. Movem-se, quase sempre no terreno da simplicidade, da espontaneidade e, por isso, não perdem as pequenas felicidades de cada dia. São essas pessoas que sabem que a felicidade não é qualquer coisa que se encontre por acaso, ou que se recebe como um presente, mas que é necessário “trabalhar”, pois é uma opção que cada um tem de descobrir e desenvolver dentro de si próprio. Essas pessoas não se sentem desgraçadas por não terem sempre aquilo que querem, mas querem sempre o que têm de fazer e sabem ensinar os seus filhos a serem felizes também quando o êxito não sorri...
O “infeliz” também se constrói. Mas que fraca responsabilidade! Porque tudo, no ser humano, é aprendido, e nessa aprendizagem encontra-se a razão da nossa felicidade ou da nossa desgraça. Se isto é assim, os nossos filhos podem aprender a ser felizes em casa, na escola e na vida. Algumas mensagens escapam-se-nos demasiadas vezes, como “esta vida é uma porcaria”, “só vimos a esta vida para sofrer”... Ou talvez nos reconheçamos nessas profecias que lançamos aos filhos: “Nunca irás mudar, não fazes nada direito”; “és um inútil”; “isto é melhor que o faça eu”, ou então: “a mãe do Carlos é que tem razões para estar orgulhosa do seu filho...”
É com estas mensagens e outras semelhantes que vamos lançando nos nossos filhos o desalento, e assim, nós os adultos, convertemo-nos em profetas da desgraça, cortando o natural dinamismo que existe em toda a pessoa e que supõe sempre uma possibilidade de melhora. Existe sempre uma saída digna e, se não existir, temos de a inventar. Esta é a condição do ser humano: aprender quando acerta e quando erra, sabendo, além disso, que o mais interessante é o que está para vir. Se educarmos com esta confiança, geramos alegria.
FELICIDADE E ALEGRIA
De qualquer forma, educar para ser feliz e, além disso, ensiná-lo, não é nada fácil. Existe tanta desmotivação e tanto desconcerto à nossa volta!
A desmotivação leva, como que por um plano inclinado, ao aborrecimento, e este conduz a uma vida em que a palavra felicidade não aparece em parte nenhuma. Nunca como agora tivemos tantos meios para nos divertirmos e nunca estivemos tão aborrecidos pois, na realidade, o que, na maior parte das vezes, aborrece, não são as circunstâncias externas mas a própria vida, quando ela mesma não tem interesse.
A felicidade e a alegria ensinam-se. Trata-se de aproveitar as coisas simples e quotidianas sem descontrolar o nosso equilíbrio interior com uma procura ansiosa de satisfações, quase sempre materiais. Trata-se também de mostrar um sentido positivo perante as pessoas e os acontecimentos, de aceitar as próprias possibilidades e também as limitações. Na relação com os filhos, é preciso aceitá-los como são e porque o são.